Um técnico campeão brasileiro que, de repente, se vê treinando, em 2014, o São João da Barra, da segunda divisão carioca, e, este ano, o Jacobina, recém-promovido à primeira divisão da Bahia.
Foi um caminho inesperado para um treinador que levou um time desacreditado ao principal título do Brasil há pouco mais de cinco anos. O Flamengo estava em 11º lugar no início do segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2009 quando o auxiliar Andrade — ídolo da torcida como meia da melhor geração que o clube já teve — assumiu como interino o cargo de técnico em meio a uma crise: havia racha entre grupos de jogadores, salários atrasados, guerra de egos. Contrariando todas as previsões, o Flamengo fcou com o hexa. Os jogadores se uniram em torno de Andrade, jogaram por ele. E o treinador teve papel importante na parte tática também. “Mudei o sistema 3-5-2 para o 4-4-2 e recuperei os laterais, que estavam jogando como alas. Além disso, acreditei no Petkovic e no Zé Roberto”, lembra ele, antes de deixar o hotel em Salvador para treinar sua nova equipe.
O que aconteceu, então? Por que Andrade nunca conseguiu se firmar em um grande clube após ter sido demitido do Flamengo em 2010? Racismo em relação a técnico negro, timidez, incompetência, azar, o quê?
“Não acho que foi nada disso. No meu caso, acho que foi uma questão política. Houve mudança de diretoria. O Delair [Dumbrosck] saiu e entrou a Patrícia [Amorim], da oposição. Fiquei muito exposto à mídia, houve um desgaste enorme. Já tinha ficado exposto antes, com a questão do salário. Saí queimado”, acredita.