
O universitário Vicente Antunes de Oliveira, de 25 anos, passou dez dias com febre e fraqueza. Os sintomas desapareciam e voltavam. Ele decidiu procurar um médico, que sugeriu uma consulta com um infectologista. Este, por sua vez, o orientou a ir ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz, onde finalmente o rapaz teve a malária diagnosticada. O sinal de alerta acendeu quando ele relatou aos médicos que, no revéillon, havia visitado Lumiar, na Região Serrana do Rio, que enfrenta um aumento no número de casos da doença. Nas últimas três semanas, foram confirmados 14 casos. Em todo o ano passado, foram oito registros. Mas a Secretaria estadual de Saúde informou que ainda não há evidências de um surto da doença.
— Há duas semanas, quando estive na Fiocruz, havia outros quatro casos como o meu. Na semana passada, minha namorada fez os exames e deu positivo para malária, mas ela não apresentou sintomas — contou Vicente, que tomou, nesta quarta-feira, a última dose do remédio para eliminar o protozoário do fígado. — Vou ter que fazer exames de sangue semanalmente e, daqui a um mês, volto à Fiocruz para uma consulta.
Apesar de a doença ser considerada erradicada desde 1968 no Rio de Janeiro, os 14 casos tiveram origem local, na região da Mata Atlântica. Segundo a Secretaria de Saúde, os locais de infecção foram os municípios de Miguel Pereira (3), Nova Friburgo (2), Petrópolis (2) e Teresópolis (1). A origem dos outros seis casos permanece em investigação.
A transmissão de malária na Região Serrana ocorre de forma endêmica, ou seja, o ano todo, segundo o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Saúde, Alexandre Chieppe. Com sintomas brandos, a doença que circula nessa área muitas vezes passa despercebida e, em geral, evolui de forma benigna, com a cura espontânea.
— Grande parte dos moradores pode já estar imunizada naturalmente contra a doença — diz Chieppe. — Por isso, a situação de alerta é direcionada às pessoas que vão visitar regiões próximas à Mata Atlântica.
Dos 14 casos confirmados, 13 são visitantes que, assim como Vicente, estiveram em cachoeiras.
