O que está ruim pode ficar péssimo.
Depois de a Livraria Leonardo da Vinci, a Livraria Saraiva (loja do Village Mall) e a Livraria Horus anunciarem a iminência do fechamento no Rio (leia aqui), outras duas casas do ramo dão adeus: a Livraria Nobel do shopping Via Parque, na Barra da Tijuca, e a Livraria Solário, na tradicionalíssima rua da Carioca.
Para arautos da soberania do “mercado'', tudo é questão somente de lei de oferta e procura, modelo de negócios, valorização imobiliária e impacto da recessão no mundo dos livros.
Mas o que ocorre constitui, sobretudo, uma tragédia cultural.
A perda de livrarias torna o Rio pior e ensombrece nossas almas.
Eu soube da despedida da Nobel pela coluna do Ancelmo Gois. Liguei para o Via Parque e informaram que a livraria já não está mais em funcionamento.
Quem contou sobre a Solário foi a Cleo Guimarães, na coluna Gente Boa. Passei na livraria de quase duas décadas de bons serviços e disseram que as portas só estão abertas até o dia 31 do mês que vem, quando entregarão o ponto.
Para quem? Para o dono do imóvel, o Opportunity (ou um fundo de investimentos administrado pelo banco).
Desde que uma congregação franciscana vendeu há uns três anos 18 casarões da rua da Carioca para o Opportunity, mais de dez lojas já fecharam (nem todas do banco). Os comerciantes não têm como pagar os aluguéis que dispararam.
“Crime consumado contra o centro histórico'', denuncia uma faixa lá afixada.
Enquanto essa desgraça cultural e histórica se consuma, na rua da Carioca e em toda a cidade, a prefeitura finge que nada vê.
Se fosse para escolher _não é_, sou mais um Rio de livrarias do que de Olimpíada.
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