Armazenar água de forma inadequada pode causar doenças.

Piscinas, baldes, vasilhames e caixas d’água. Apesar de serem usados com frequência para o armazenamento de água, estes recipientes podem apresentar riscos à saúde de quem sofre com a falta de abastecimento nos últimos meses. Quando armazenada de forma inapropriada, a água pode ser a principal forma de contaminação e proliferação de algumas doenças.

— A água não está limpa pelo simples fato de ser transparente e sem cheiro. O ideal seria que todos recebessem água tratada, mas, como isso não acontece e estamos num contexto de extrema falta d’água, o modo indevido como o líquido é armazenado é o que gera o risco de contração de doenças — explica a pesquisadora do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Fiocruz Adriana Sotero-Martins.

De acordo com ela, quando fica parada por muito tempo ou exposta ao calor, a água pode perder o cloro, que tem propriedades esterilizadoras. Isso facilita a proliferação de bactérias, oriundas até mesmo da manipulação da água por mãos sujas, que pode causar gastroenterite.

Por isso, atenção: não vale pegar a água guardada na piscina ou nos baldes direto para cozinhar ou lavar alimentos. É preciso fervê-la ou adicionar a quantidade de cloro adequada antes. A gastroenterite causa diarreia, que pode levar a uma profunda desidratação — principalmente em crianças e idosos, que têm o sistema imunológico frágil. O soro caseiro ajuda no tratamento, mas a consulta médica é ainda mais importante, visto que a doença pode levar à morte.

Leptospirose, hepatite e dengue na lista

Outro problema na hora de guardar a água em locais abertos é o fato de ela ficar exposta à contaminação pela urina de ratos. Em contato com a pele, principalmente se há ferimentos, pode causar leptospirose. Os principais sintomas são febre alta e dores de cabeça e pelo corpo, muito semelhantes aos da dengue, doença que também exige atenção — o mosquito transmissor põe os ovos em áreas abertas onde há água parada.

Apesar de a hepatite ser causada por um vírus, em épocas de falta d’água, seus níveis de transmissão podem aumentar. Para evitá-la, é preciso lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras, além de enxaguar bem as mãos.